terça-feira, fevereiro 22, 2005

Vazio interior...

Ontem recebi a nota que tanto esperava. O professor, sabendo que nestas alturas a nota não é o importante, disse simplesmente: “Safou-se. Acabou!” E foi assim que eu recebi a noticia que hoje sou engenheiro.

Acho que toda a gente estava à espera que eu ficasse radiante, desse pulos de alegria ou me atirasse ao chão a rir histericamente, que fosse a correr convidar toda a gente para um copo, mas não, senti-me vazio. Fiquei num estado muito próximo ao deprimido. Senti-me perdido. Até ao dia de ontem eu tinha a certeza que era um estudante, hoje não me sei definir. Ainda não deixei de ser estudante porque vou continuar a estudar. Mas ao mesmo tempo já posso exercer e quero ser um bom profissional. Mas entretanto estou só à procura de um emprego. Ou de um estágio. Nem sei bem que oportunidade me vai aparecer.

E agora, quando me aparece nos formulários profissão, o que é que eu escrevo? Estudante? Trabalhador-estudante? Engenheiro? Mas eu neste momento não faço nada. E pior é que eu não tenho ideia do que vai ser o meu dia de amanha. Vou ficar na mesma escola? Vou mudar de escola?

Tantas perguntas que estão a encher a minha cabeça que neste momento está numa fase em que metade dos meus neurónios está demasiado velho e cansado para pensar, devido à época de exames, e a outra metade está demasiadamente jovem e sem experiência para eu poder acreditar naquilo que me dizem.

Esta deveria ser uma época de reflexão pensar naquilo que aprendi de importante, no que fiz de mal e no que no futuro tentarei não repetir. Mas acho melhor não pensar muito no assunto. Afinal o mais importante que aprendi não vinha no plano curricular e cada vez que me lembro que quando entrei para a faculdade com 17 anos vinha com tantos objectivos traçados e acima de tudo tantas datas limites que eu não consegui cumprir ainda me sinto mais deprimido. Mas nada melhor que seguir a boa filosofia do português: “Vamos deixar o tempo passar que a solução dos problemas vão acabar por aparecer.”. E, apesar de me sentir mal por pensar assim, só me resta pensar no caso de um dos meus grandes amigos que ontem chumbou no exame e tem a vida tramada por mais um semestre e perceber que a minha situação podia ser bem pior.

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