sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Uma pequena homenagem

O q tu queres sei eu, pah... says:

Confesso q nc tinha visto o teu blog

O q tu queres sei eu, pah... says:

Mas ta fixe

O q tu queres sei eu, pah... says:

Até ao dia de ontem eu tinha a certeza que era um estudante, hoje não me sei definir

Manelito: says:

:$

Manelito: says:

hummm

O q tu queres sei eu, pah... says:

é claro q te sabes definir

O q tu queres sei eu, pah... says:

Tu és um gajo porreiro ponto final

O q tu queres sei eu, pah... says:

Deixa me lá ler o resto

E foi assim que, aqui há uns dias, começou mais uma sessão de chat no MSN. No início pensei que se tratava de apenas mais uma conversa comum, igual a tantas outras que já tive e que vou vir a ter. Mas, passadas umas quantas mensagens instantâneas, percebi que esta conversa seria diferente. Uma vez mais fui surpreendido. Fiquei surpreso com algumas das afirmações que fez e ainda mais com a quantidade de post’s que ele leu.

Quando publico um post é claro que espero que o leiam. Como disse um dia Rodrigo Moita de Deus:
“Escrever deve ser por isso um dos exercícios supremos do egoísmo. Escreve-se porque gostamos de nos ler a nós próprios e porque adoramos que nos leiam. […] É uma espécie de auto-satisfação. Gosto disso. Vou ser escritor.”
Só me resta acrescentar ao autor: “ Vou criar o meu próprio blog.” Ou melhor: “ Já tenho o meu blog.”

Mas, o meu gosto pela escrita, não tem a ver unicamente com a alimentação do meu ego. A principal razão que me levou a criar um blog têm a ver com o facto de eu conseguir traduzir mais facilmente aquilo que me vai na alma em caracteres do que em sons. Por muito que eu, literalmente, me “esprema” nos momentos mais importantes, a minha boca mexe-se, os meus lábio tomam forma, mas o som não sai e as palavras ficam perdidas dentro de mim. Assim, através destes post’s, as pessoas podem me conhecer um pouco melhor, podem ler as coisas que eu penso mas tenho dificuldade em dizer. Como tal fico muito contente quando sei que lêem o que eu escrevi, nomeadamente o caso do Luís que referi no inicio do post.

Já agora não posso deixar passar esta oportunidade para agradecer a todas as pessoas que leram e que ainda lêem o que eu escrevo. E, só para que conste no registo, eu ando a tentar sintetizar os meus pensamentos com o objectivo de tornar os post’s mais curtos e menos chatos.

Por fim dedico este post ao Luís que me avisou que ia andar de olho no blog. E assim, de uma forma singela, gostaria de prestar uma homenagem a este Gajo Porreiro que um dia entrou na minha vida, com o numero 3277, e que com o seu jeito distraído, descontraído e despistado encontrou em diferentes situações as palavras que eu precisava ouvir, deixando-me com duvidas se alguma vez terá percebido de que forma as suas palavras foram importantes para mim. Como foi, uma vez mais, o caso desta nossa ultima conversa via MSN.
For you: just a big thank YOU!

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Vazio interior...

Ontem recebi a nota que tanto esperava. O professor, sabendo que nestas alturas a nota não é o importante, disse simplesmente: “Safou-se. Acabou!” E foi assim que eu recebi a noticia que hoje sou engenheiro.

Acho que toda a gente estava à espera que eu ficasse radiante, desse pulos de alegria ou me atirasse ao chão a rir histericamente, que fosse a correr convidar toda a gente para um copo, mas não, senti-me vazio. Fiquei num estado muito próximo ao deprimido. Senti-me perdido. Até ao dia de ontem eu tinha a certeza que era um estudante, hoje não me sei definir. Ainda não deixei de ser estudante porque vou continuar a estudar. Mas ao mesmo tempo já posso exercer e quero ser um bom profissional. Mas entretanto estou só à procura de um emprego. Ou de um estágio. Nem sei bem que oportunidade me vai aparecer.

E agora, quando me aparece nos formulários profissão, o que é que eu escrevo? Estudante? Trabalhador-estudante? Engenheiro? Mas eu neste momento não faço nada. E pior é que eu não tenho ideia do que vai ser o meu dia de amanha. Vou ficar na mesma escola? Vou mudar de escola?

Tantas perguntas que estão a encher a minha cabeça que neste momento está numa fase em que metade dos meus neurónios está demasiado velho e cansado para pensar, devido à época de exames, e a outra metade está demasiadamente jovem e sem experiência para eu poder acreditar naquilo que me dizem.

Esta deveria ser uma época de reflexão pensar naquilo que aprendi de importante, no que fiz de mal e no que no futuro tentarei não repetir. Mas acho melhor não pensar muito no assunto. Afinal o mais importante que aprendi não vinha no plano curricular e cada vez que me lembro que quando entrei para a faculdade com 17 anos vinha com tantos objectivos traçados e acima de tudo tantas datas limites que eu não consegui cumprir ainda me sinto mais deprimido. Mas nada melhor que seguir a boa filosofia do português: “Vamos deixar o tempo passar que a solução dos problemas vão acabar por aparecer.”. E, apesar de me sentir mal por pensar assim, só me resta pensar no caso de um dos meus grandes amigos que ontem chumbou no exame e tem a vida tramada por mais um semestre e perceber que a minha situação podia ser bem pior.

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

One more Quiz

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You are Lust!
Sexy!! But they say that theres such a thing as too much of a good thing. You have sex on the brain, and it doesn't stay just there for long. Passionate, Fiery - and most certainly confident. You're a fun loving, spontaneous person who is always up for a laugh. People however, have trouble keeping up with you. You're sex crazy, and perhaps need to tone it down a bit! learn a little self control!
But, Hey, Congratulations on being the Sexiest Red Hot deadly sin out of all the 7...


Agora fazia-me falta um smile corado! Estava à espera de ser a gula ou a preguiça mas pelos vistos estava errado.

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Oprah Show

Hoje acordei ansioso! É já depois de amanhã que tenho o meu exame de mecânica dos materiais e está muita coisa em jogo. Nunca mais chega a sábado de manhã para eu poder respirar normalmente outra vez. E para os que estão a pensar que “respirar normalmente” trata-se de uma figura de estilo enganam-se, é a expressão que traduz literalmente o que sinto.

Como normalmente acontece nestes dias, acordei cedo mas não me apeteceu mexer. Fiquei tão quietinho na cama que nem sequer me mexi para acender a televisão, mesmo sabendo que tinha o controlo remoto a escassos centímetros da minha mão. Fui me deixando ficar e rapidamente me dei de conta que passei cerca de uma hora e meia na mesma posição sem fazer nada. Então decidido a ganhar alguma energia levantei-me, fui comer, vesti o fato de treino e sai de casa para correr. Nem posso dizer que a corrida tenha sido muito boa pois devido à distensão muscular que fiz num pé, faz hoje oito dias, passado 12 minutos já estava a correr e coxear em simultâneo. Mas tendo em conta que isto me manteve fora de casa durante perto de três quartos de hora já cumpriu os meus objectivos.

Chegando a casa acendi a televisão e fui tomar um duche. Estava na banheira quando ouvi a melodia da “Oprah Show”. Dei um pulo da banheira e, ainda meio a pingar, sentei-me na cama a assistir ao talk show. O tema do dia era “Vidas Secretas” mas, durante a introdução, pensei que ia ser aborrecido pois a titulo introdutório foi abordado a vida de um politico que aos 43 anos, sendo casado e pai de três filhas, assumia em publico que era gay, foi abordado ainda um outro caso em que uma mulher descobriu, após 25 anos de casamento, que o marido tinha uma segunda família num outro estado, etc. e, tendo a conjuntura nacional, estou farto de ouvir falar da vida homossexual dos políticos bem como de quem pôs “os cornos” a quem, passo a expressão. Mas como adoro The Great O fiquei a assistir e, uma vez mais, esta mulher conseguiu surpreender-me. As três convidadas não vieram contar os pormenores das suas vidas sexuais, mas sim vieram apresentar um caso de um mulher, mãe de três crianças, com posses que era, utilizando os termos do programa, uma ladra compulsiva em lojas de conveniência e de outras duas mulheres que se renderam ao vicio do jogo e no qual jogaram o bem mais precioso que tinham: a sua dignidade.

A razão de escrever este post não tem a ver com o meu dia aborrecido, nem com a vida destas mulheres. Estou a escrever para explicar a razão porque idolatro esta mulher. Para mim a Oprah representa o expoente máximo de tolerância no ser humano. E, ao saber que é a apresentadora de um talk show mais bem paga no mundo, faz-me acreditar que cada um tem o que merece. É um caso em que a utopia tornar-se real. É preciso ter muita coragem para quando temos uma mulher (com poses) à nossa frente que foi presa, à frente do seu filho de sete anos, por ter roubado um frasco de maionese a olhar-mos nos seus olhos a tratarmos como uma igual. Rapidamente a audiência lembrou àqueles, que por momentos se possam ter esquecido, que roubar além de ilegal é imoral. Não nos podemos esquecer do que a igreja nos ensina “Não roubarás”, apesar de nunca nos lembrar-mos de que a mesma também defende que devemos "Amar o próximo". Mas Oprah, não escondendo a sua admiração, disse-lhe apenas que, à parte de não compreender o que podia levar uma pessoa a cometer um acto daqueles, gostaria que lhe explicasse o que é que a fazia voltar a roubar e como é que este ciclo começou. Isto é a tolerância: não julgar-mos e tentarmos perceber o que se passou e o como começou, todas as moedas têm uma face e um verso.

Moral do programa: Seja que vicio ou forma de vida for, o segredo é o que dá força à doença. O facto de fazermos as coisas às escondidas torna-nos vulneráveis. Se queremos lutar contra um vício ou contra a vulnerabilidade de uma vida secreta só nos resta assumirmo-nos e procurar-mos apoio.

Para finalizar vou tentar repetir as palavras que mais me emocionaram no programa. Oprah, apesar da facilidade e da credibilidade que tinha para julgar uma anónima como era o caso desta mulher, olhou-a nos olhos carinhosamente e disse simplesmente: “Tu és um exemplo de uma grande força interior. E para todas as pessoas que têm uma vida secreta e que as únicas duas saídas que encontram são, como os casos que hoje aqui apresentamos, assumir os seus erros ou acabar tudo com o suicídio então mais vale contar tudo. Não vale a pena estarem com medo de deixarem de ser amadas porque as pessoas, que realmente gostarem de vocês, vão vos continuar a amar e as que se afastarem nunca vos amaram. E só se assumindo é que poderão voltar a encontrar a paz interior.”

sábado, fevereiro 12, 2005

"Amor e Mentiras"

Não resisti! Eu ainda tentei seguir em frente mas acabei por voltar atrás. Era mais forte que eu! Mal o vi na estante desejei-o e depois, de saber o preço, um sentimento de necessidade de possuir aquele objecto tomou conta de mim. Lá tive que o trazer comigo. E desta forma hoje aumentei a minha pequena colecção de livros sobre a guerra dos sexos.

É fantástico o facto de que apesar dos homens e das mulheres pertencerem à mesma raça conseguirem interpretar a mesma situação de forma tão diferente e mais interessante ainda é tentarmos definir os géneros com base na sua psicologia. Estes, juntamente com a minha necessidade de me compreender a mim próprio, são os temas que fazem de mim um apaixonado pela psicologia dos géneros. Vou aproveitar para vos deixar uma das minhas citações preferidas e assim espero vos ilustrara complexidade do ser humano enquanto homem (com h pequeno) ou mulher:

“J.Money sublinhou que é mais fácil «fazer» uma mulher do que um homem. […] Já em 1959, a psicóloga americana Ruth Hartley concluía que o rapazinho se define, antes de mais, negativamente: «Os machos aprendem geralmente o que não devem ser para serem masculinos, antes de aprenderem o que podem ser…Muitos rapazes definem, simplesmente, a masculinidade, como o que não é feminino» […] Por três vezes, para afirmar a sua identidade masculina, terá de se convencer e de convencer os outros que não é mulher, nem um bebé, nem um homossexual.”

In: Badinter, Elisabeth – XY A identidade Masculina – Edições Asa

“XY A identidade Masculina” é, sem dúvida, o meu preferido nesta colecção. Afinal como podemos compreender o sexo oposto, se não nos compreendemos a nós próprios, aptoveitando as palavras da autora:

“«Durante longos anos, tinha para im que a mulher era o mistério absoluto. Hoje, é a mim, enquanto homem, que tenho dificuldade em compreender... Creio que posso compreender para que serve uma mulher, mas um home, para que serve ele em vigor? O que significa: Eu sou homem?»”

In: Badinter, Elisabeth – XY A identidade Masculina – Edições Asa

E a nova aquisição será a minha próxima leitura! Tenho a expectativa que seja uma obra: leve, interessante, divertida e perspicaz. Mas de qualquer forma quando acabar a sua leitura de certo publicarei um post com as minhas opiniões. Entretanto deixo-vos um excerto da contracapa:

“AMOR E MENTIRAS é o primeiro título de uma colecção com o mesmo nome que, brincando com as características mais típicas do homem e da mulher do século. XXI, pretende fazer-nos reflectir um pouco sobre os nossos sentimentos, atitudes e opções de vida.”

In: Mckinley, Deborah – Amor e Mentiras – Prefácio


domingo, fevereiro 06, 2005

Just a Quiz

goodbye
You have a goodbye kiss- much passion and longing,
but never lasting.


What kind of kiss are you?
brought to you by Quizilla

Dos resultados que obtive hoje, este foi aquele que achei que valia a pena publicar pois quer me parecer que os meus beijos são como as minhas relações: muita paixão e muito desejo, mas de longevidade curta. Mas estou na esperança de ter conhecido alguém que inverta este presságio.

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Depois êxito literário que Dan Brown conseguiu atingir ao publicar "O código Da Vinci" era complicado, senão impossível, eu controlar a minha curiosidade e deixar de ler este livro. Afinal a controvérsia levantada sobre a sexualidade de um dos Génios da humanidade não me era indiferente.

“Apesar do seu génio visionário, era homossexual assumido e um adorador da divina ordem da natureza, dois «crimes» que o colocam em perpétuo estado de pecado contra Deus.”
Brown, Dan – O código Da Vinci – Bertrand

A leitura da obra, apesar de ter superado as expectativas, não foi suficiente para matar a curiosidade que se tornou proporcional à admiração que eu sinto pela personalidade de Leonardo.

Lembro-me perfeitamente de andar no sétimo ano de receber uma proposta para fazer um estudo sobre uma personagem histórica à minha escolha. Num dos acasos da minha vida escolhi Leonardo e apesar de ter sido nesse dia que nasceu a minha admiração pela sua obra só com o alarido levantado à volta de Brown é que me interessei pela sua biografia. Neste momento tenho como livros de mesa-de-cabeceira os “Apontamentos de Cozinha de Leonardo Da Vinci” de Shelagh e Jonathan Routh e “Uma recordação de infância de Leonardo Da Vinci” de Sigmund Freud. Não pretendo tornar-me um perito no seu registo biográfico, simplesmente compreender um pouco do homem que está atrás da obra.

Quando conheci as suas obras de arte achei que ele tinha sido um grande artista, quando conheci os seus estudos científicos considerei-o um grande artista-cientista, quando li acerca dos seus projectos de engenharia considerei-o um grande artista-cientista-engenheiro. Depois de conhecer um pouco do homem atrás das obras e ler pequenos apontamentos como o seguinte considero-o simplesmente um Génio.

Sobre o Pão e a Carne
Tenho andado a pensar em pegar num bocado de pão e colocá-lo entre dois bocados de carne. Que designação deverei, no entanto, dar a tal prato?
[…]

Sobre o Pão e a Carne (II)
Tenho continuado a pensar no pão e na carne. E se colocasse a carne entre dois bocados de pão? Que nome deveria dar a esse prato?”
Routh, Shelagh e Jonathan – Apontamentos de Cozinha de Leonardo Da Vinci – Atena

Quanto ao facto de ele ser ou não gay não tirei conclusões, apesar de ter um life style alternativo para a época e de ter sido acusado de ter relações homossexuais proibidas não considero isso seja relevante numa vida que dedicou ao estudo do mundo. São apenas rótulos e estereótipos criados por sociedades. Sociedades estas que, antes de julgarem um homem por ser homossexual, têm que aprender com o testemunho de Leonardo o verdadeiro significado da aceitação:

«Nessuma cosa si può amare nè odiare, se prima non si há cognition di quella.»

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Hoje, na minha ronda diária pela blogosfera, encontrei um post no blog http://assumidamente.blogspot.com/ que sem crer me veio justificar uma resposta que eu dei um dia destes. Vinha eu da escola com um colega quando este me perguntou se já me tinha decidido em quem ia votar nestas próximas eleições. A minha resposta, para alguém que tenha a mesma dúvida, é a seguinte: Infelizmente por estar muito longe da minha freguesia não vou poder exercer os deveres de cidadão.Mas se votasse, apesar de não ter uma cor preferencial, acho não teria que pensar para decidir se apoiava o Santana Lopes ou o José Sócrates. Pela campanha de cada partido podemos ter a noção da maturidade do seu dirigente e quando olhamos para uma campanha em que o nosso futuro (esperemos que ex-) Primeiro-ministro nos apresenta um slogan em que a melhor táctica de ataque à oposição é questionar se "Sabem mesmo quem é?" . E dias depois em pleno comício de pré-campanha consegue chamar “mariquinhas” a José Sócrates, de uma forma politicamente correcta, dizendo que numa escola quando as crianças convidam ou outra para ir brincar e esta têm medo, "chamam-lhe nomes, e têm razão" para isso. Eu não posso deixar de dar razão a Santana Lopes. È verdade! O homem realmente percebe do que diz. Por isso espero que no próximo dia 20, Santana Lopes, tenha oportunidade de exercer o cargo para o qual as suas qualificações melhor se adequam: um cargo na direcção de um Jardim Infantil onde poderá dirigir com as suas, já carismáticas, atitudes infantis.

Gostaria só de salientar que é triste num pais em que diariamente se ouve falar no corte das verbas para a educação, para a cultura e para outros n ministérios essenciais para o seu desenvolvimento se possa ler noticias destas no Correio da Manhã: Campanha sem controlo nos gastos . Por fim gostaria só de aqui deixar a transcrição integral do artigo brilhante que Ana Sá Lopes escreveu para o Público:


Este Homem Já Sabem Quem É
Por Ana Sá Lopes
Domingo, 30 de Janeiro de 2005

O fim político de Santana Lopes - que diariamente agoniza aos nossos olhos - está a ser uma tragédia: o homem está a morrer no circo, ao estilo de sacrifício romano. Já nada lhe resta, os sucessores sucedem-se diariamente no PSD, perdeu o parceiro de coligação que descola a todo o vapor do mais patético primeiro-ministro que Portugal conheceu nos anos de democracia e, provavelmente, enlouqueceu. A pantomina da democracia portuguesa iniciada em Julho passado assume agora foros de irrealidade: o homem já não tem nada para vender. Resta-lhe o currículo conhecido do eleitorado através das "revistas do coração", onde se passeava semana sim semana não - foi casado várias vezes, namorou algumas raparigas. Ontem lançou o mais estranho mote da campanha eleitoral: votem em mim porque eu gosto de raparigas. Chegámos ao patamar que nunca pensámos atingir na política. Só um miserável - e quem é Santana Lopes, neste momento do campeonato, senão um pobre despojado de qualquer bem válido para a polis? - pode utilizar em comícios, como aquele em que ontem participou, com 1000 mulheres, em Braga, o facto de ser aquilo a que se chama, em alguma gíria, "um femeeiro”.

Já tínhamos visto o absurdo de políticos desesperados a utilizar a estabilidade familiar como argumento de campanha - que foi o que João Soares fez contra o próprio Santana Lopes na campanha de Lisboa. Agora, vem o primeiro-ministro de Portugal rodear-se de mulheres que dizem que ele é "conhecido pela sua natureza sedutora" e "ainda é do tempo em que os homens escolhiam as mulheres para suas companheiras". O fervor homofóbico é espantoso e quase irreal. Num comício de Lopes grita-se: "Bem hajam os homens que amam as mulheres!". E o primeiro-ministro candidato a novo mandato diz que "o outro candidato tem outros colos" e que "estes colos sabem bem".


Já nada Lopes tem para oferecer: com a credibilidade política de rastos, atira-nos um cartaz para a frente que diz "Este homem sabe o que é". Saberá? Nós sabemos. É o que Jorge Sampaio, com o apoio generalizado do país, mandou para a rua por falta de credibilidade e incompetência manifesta. Afinal, é mais o quê? Um "femeeiro". É este o currículo que Santana Lopes agora transformou em arma eleitoral: namorou com várias mulheres. Mais de 30? Menos de 100? Só um louco descontrolado traz esta matéria para a campanha, mas de Santana Lopes tudo se pode esperar - eventualmente até um "strip-tease" no comício de encerramento.


Nada mais resta a Santana Lopes. Tem o corpo, e só o corpo, à venda no dia 20 de Fevereiro. Mas o mais provável é que, ao fim da noite, o corpo já seja um cadáver.