quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Depois êxito literário que Dan Brown conseguiu atingir ao publicar "O código Da Vinci" era complicado, senão impossível, eu controlar a minha curiosidade e deixar de ler este livro. Afinal a controvérsia levantada sobre a sexualidade de um dos Génios da humanidade não me era indiferente.

“Apesar do seu génio visionário, era homossexual assumido e um adorador da divina ordem da natureza, dois «crimes» que o colocam em perpétuo estado de pecado contra Deus.”
Brown, Dan – O código Da Vinci – Bertrand

A leitura da obra, apesar de ter superado as expectativas, não foi suficiente para matar a curiosidade que se tornou proporcional à admiração que eu sinto pela personalidade de Leonardo.

Lembro-me perfeitamente de andar no sétimo ano de receber uma proposta para fazer um estudo sobre uma personagem histórica à minha escolha. Num dos acasos da minha vida escolhi Leonardo e apesar de ter sido nesse dia que nasceu a minha admiração pela sua obra só com o alarido levantado à volta de Brown é que me interessei pela sua biografia. Neste momento tenho como livros de mesa-de-cabeceira os “Apontamentos de Cozinha de Leonardo Da Vinci” de Shelagh e Jonathan Routh e “Uma recordação de infância de Leonardo Da Vinci” de Sigmund Freud. Não pretendo tornar-me um perito no seu registo biográfico, simplesmente compreender um pouco do homem que está atrás da obra.

Quando conheci as suas obras de arte achei que ele tinha sido um grande artista, quando conheci os seus estudos científicos considerei-o um grande artista-cientista, quando li acerca dos seus projectos de engenharia considerei-o um grande artista-cientista-engenheiro. Depois de conhecer um pouco do homem atrás das obras e ler pequenos apontamentos como o seguinte considero-o simplesmente um Génio.

Sobre o Pão e a Carne
Tenho andado a pensar em pegar num bocado de pão e colocá-lo entre dois bocados de carne. Que designação deverei, no entanto, dar a tal prato?
[…]

Sobre o Pão e a Carne (II)
Tenho continuado a pensar no pão e na carne. E se colocasse a carne entre dois bocados de pão? Que nome deveria dar a esse prato?”
Routh, Shelagh e Jonathan – Apontamentos de Cozinha de Leonardo Da Vinci – Atena

Quanto ao facto de ele ser ou não gay não tirei conclusões, apesar de ter um life style alternativo para a época e de ter sido acusado de ter relações homossexuais proibidas não considero isso seja relevante numa vida que dedicou ao estudo do mundo. São apenas rótulos e estereótipos criados por sociedades. Sociedades estas que, antes de julgarem um homem por ser homossexual, têm que aprender com o testemunho de Leonardo o verdadeiro significado da aceitação:

«Nessuma cosa si può amare nè odiare, se prima non si há cognition di quella.»

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