quinta-feira, junho 17, 2010

Porque há dias que não me apetecia ser sonhador…

Há quem diga que devemos procurar as respostas para algumas das incógnitas da nossa existência nos nossos sonhos! Mas, no meu caso só me levanta mais dúvidas! E para ser sincero, para ter sonhos como o de hoje preferia não sonhar!

Eu sou uma pessoa que preciso do meu tempo para acordar. Qualquer tarefa que tenha que ser feita nas primeiras horas do dia, ou não deve requerer raciocínio, ou então é contra-natura. E nada que me mais irrite do que levantar-me estremunhado e começar a ser pressionado para me despachar e para prestar atenção ao que estou a fazer, ou então acordar assustado, com um sonho, que no final fico sem entender nada do que realmente aconteceu.

Para perceberem a razão do meu mau humor de hoje aqui fica um pequeno resumo do que sonhei:

Tudo começa, comigo enquanto personagem física e consciente do sonho, a conduzir em direcção ao Santo da Serra, enervado, a sentir o coração a bater acelerado e com a percepção que algo se tinha passado na Via Rápida que não estava transitável. O meu objectivo era então subir ao Santo, e descer por detrás do aeroporto para conseguir chegar à Via Rápida. O dia já ia no seu crepúsculo, o carro que ia a conduzir (que não consigo identificar) ia de faróis acessos e circulava agilmente por entre as curvas fechadas da estrada regional.

Já próximo ao aeroporto, o trânsito estava novamente parado, não consigo lembrar se cheguei a estacionar o carro, se ficou simplesmente na estrada, recordo-me apenas de sair a correr, descer em direcção à saída da Via Ràpida para Santa Cruz, para quem circula na direcção Machico – Funchal.

Recordo-me a primeira visão da Via Rápida, conforme ia a entrar a pé, era estar estranhamente vazia. Mas foi uma visão muito curta pois conforme ia avançando em direcção a Machico, comecei a ver colchões de campanha com pessoas deitadas na estrada, a chorar, outras a sangrar. Uma visão própria de um país em estado de Sítio como se tratasse de uma Guerra. Mas não era de uma guerra que se tratava. As pessoas feridas e as que estavam a chorar estavam com um uniforme com um símbolo azul claro que não consigo identificar.

Continuei a correr assustado e a chorar, por entre as pessoas, consciente de que estava à procura de alguém. Ia vendo as pessoas conforme e ia avançando, tocado, porque conseguia ligar as pessoas, lembra-me de identificar duas irmãs a chorarem, e relacionar que uma das mulheres por quem tinha passado era esposa de um homem que estava ferido. Como se fossem todos conhecidos, de alguma forma, apesar de não fazer parte da instituição da qual aquelas pessoas eram elementos, era muito próximo.

Começo a me aproximar de uma fila de carros, de um acidente em cadeia, os três primeiros tinham chocado, mas nada de grave, os estragos tinham sido só “lata”, no entanto, depois de um pequeno vazio, estava um carro preto em sentido contrário que tinha chocado de frente com quatro pick-ups, e aqui estava a origem de todo o aparato, as carrinhas estavam completamente destruídas, havia sangue nos para-brisas partidos, nos capot’s e pequenas manchas pelo chão em volta (consigo identificar perfeitamente as pick-ups, Toyotas, de modelos do final dos anos 90, 4x4, de 4 lugares).

As pessoas começavam-se a amontoar à volta só a olharem com um ar aterrado para o acidente, os carros do outro lado da estrada estavam parados, com as pessoas fora do carro a verem o sucedido, por entre os comentários ouvi alguém que murmurou: “… foram heróis e agora que chegam aqui, acontece-lhes isto…”, uma outra pessoa murmurou em resposta: “…estavam tão felizes a festejar! O problema maior foi os que vinham em cima da carroçaria que foram projectados…”.

E nisto, acordo, com o coração acelerado, à procura de alguém. Com um sonho na memória, muito realista, como se de uma tarefa muito importante da minha vida não tivesse sido cumprida.

A questão que se levanta é: “O que poderá ter sugerido este sonho?”. Não sei! Ontem antes de me deitar vi uns clips com um acidente, na ponte do Rio de Janeiro, e de outro de uma revolução. Poderia ser, no entanto, para além de não ser facilmente impressionável, não era a imagem do ambiente que me assustava, mas sim a ansiedade da pessoa que acabei por não identificar e não encontrar.

Acabei por não compreender o sonho, mas agora percebo que este era o teaser inicial para um filme fantástico. Seguido a esta cena um flashback, com a explicação de toda a historia: quem era? Onde tinha ido? Como tinha se tornado um herói? E para finalizar o encontro das duas personagens. Um verdadeiro filme épico moderno passado na nossa Madeira.

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